domingo, 20 de setembro de 2020

Vida no meio da pandemia

Parece um filme de ficção científica? Talvez um documentário de contra-terrorismo nas grandes farmaceuticas ou o inicio de uma guerra que não se vê. Parece mas não é! Trata-se do ano 2020 que entrou de forma sorrateira, não fazendo prever o que poucos dias depois mudaria a nossa forma de estar.
Máscaras, receios, readaptações, resiliência, lágrimas,abraços que não se deram...
Não sei como está a ser o vosso ano mas gostava de relatar-vos um pouco do meu....
Em regime de teletrabalho, não foi fácil conseguir que um menino de 4 anos acompanhasse a minha necessidade de trabalhar com a sua própria necessidade de atenção. A par disso, eu receava apanhar algo que pudesse colocar em causa o bem-estar e saúde da minha mãe. Ainda hoje o temo. 
Nesse tempo, uma das minhas amigas mais chegadas sofreu uma grande perda e eu não pude abraçá-la. Estava proibido o contacto e como nós nada sabiamos e receávamos o dia de amanhã e a propagação do virus, guardavamos a nossa vida e a dos nossos em casa. Assim tem que ser! Voltei a ve-la um mês depois e com a decisão de desconfinamento, resolvi abraçá-la e senti a dor que é viver lutos e perdas desta forma.
As Igrejas abriram e os cultos tornaram-se algo estranho para mim. Sem abraços, sem beijinhos, sem grandes conversas, sem Amens que faziam vibrar as paredes!
Ao mesmo tempo toda a família do T. estava contagiada e alguns passaram bem mal. O meu sogro esteve mesmo entre a vida e a morte. Nem nos apercebemos da gravidade por causa da distância.
Chegou o Verão e com ele a vontade de viver. Afinal, a regra maior seria a utilização de máscaras em espaços fechados. Então, fomos aproveitar as esplanadas, as piscinas, a praia, alguns restaurantes. Tudo em numero mais reduzido, mas sim! A família também veio, os amigos e a casa encheu-se como se de um ano normal se tratasse. 
E chegou o tempo de recomeçar a escola e aprender a lidar com as novas regras.
Entretanto fiquei doente e precisei ser hospitalizada e encontrei aqui a maior tristeza do COVID : a solidão! Não há visitas, não há contactos exteriores e a cada saída e nova entrada, um novo teste (que não sei quanto a vocês mas a mim custa-me um pouco fazer!)
Encontrei utentes desanimadas que precisaram ficar por muito tempo e não vêem a família há muito. Eu tenho acesso a tecnologias e elas permitem-me aniquilar um pouco a saudade. No caso delas, isso não acontece. Fixam os olhos na janela com os olhos em lagrimas, ansiando ardentemente a vinda do dia em que receberão "alta". 
Posso dizer que o Covid roubou-nos muito do que achávamos garantido! A alegria de viajar, visitar, conviver! Até mesmo
mostrar o sorriso aos que passsam por nós....
Não sei quanto a vocês, mas eu anseio ver um fim a tudo isto! Já percebi que a vida não volta ao mesmo mas pode-nos fazer valorizar e agarrar mais o que é essencial.
Quanto a mim...a falta de rotina roubou-me a minha capacidade de organização e de prioritização de tarefas! Não voltei a conseguir estabelecer as minhas prioridades e ainda estou em busca de algumas coisas que se perderam e com a necessidade de reciclar, de renovar outras coisas.
Este ano pôs-me em perspetiva e a ti? Ainda estou na espera do que Deus me ensinará, onde Ele me levará. Não compreendo todos os caminhos, mas sei quem me guia e isso talvez seja suficiente!
Acima de tudo, desejo que ao vermos estes números altos de casos, não percamos a coragem. Saibamos como nos proteger a nós e aos outros. Saibamos VIVER porque sobreviver não basta!
Cátia


sábado, 25 de abril de 2020

Oh O amor....

Não existe força maior no universo do que a força do amor. Deus identifica-se como o próprio amor. Ele não tem amor, Ele é todo amor! Isso descansa-me pois vejo que nunca me verá sem essa lupa inivisivel do amor e da graça!
I Corintios 13 detém a melhor descrição que já vi de amor. Deescreve-o como paciente, sóbrio, cuidador, esperançoso, bom, generoso, sem inveja, sem competitividade, sem desconfianças, não falha jamais e é maior que a fé e a esperança!
Outra passagem diz que ele é mais forte que a morte.
Também entendemos que há diversos tipos de amor entre amantes, amigos, familiares, etc! Cada um com as suas caracteristicas próprias. E dar e receber amor é das melhores trocas que fazemos na vida. 
Às vezes amar vai ser desejar o melhor para a outra pessoa, mesmo quando os caminhos forem diferentes. Vai ser abdicar porque é um sentimento desinteressado. Será doar-se sem esperar nada em troca. Independentemente do que possa acontecer, o amor recebe um lugar especial no coração do outro. O amor tem tendência a aumentar! O amor tem a capacidade de curar e transformar.
Há muitos anos atrás li um livro que é do imaginário infantil mas que só os adultos entendem. A mensagem é profunda e intensa. "O pequeno Principe" de Saint Exupery é um livro e tanto!
E é um livro de amor. O Pequeno Principe mora num planeta com a sua rosa. Ela tem um comportamento um tanto orgulhoso, centrado em si, um pouco convencida e ingénua. Ele acaba por decidir partir em viagem. E nessas incursões, ao falar com uma raposa sábia e conhecedora da vida, entende que a rosa era tudo para ele e que ele deveria voltar para ela. A juventude e a ingenuidade não os deixou viver um amor que era maior do que eles. Na conversa de despedida encontramos isto:
-É claro que te amo - disse-lhe a flor- foi culpa minha nao perceberes isso. Mas não tem importância. Foste tão tolo como eu. Tenta ser feliz. 
Depois disto, ela mostrou-se forte e não quis que ele a visse chorar. Ele deixou o planeta por causa dela mas é por causa dela que também quer voltar. É uma relação bem controversa que nos faz entender como funciona o amor quando é grande e forte.
Na sua viagem, o pequeno principe entende que a rosa é unica para ele no mundo e que por mais rosas que visse, aquela seria sempre a sua. Compreendeu que somos eternamente responsáveis por quem cativamos. Entendeu que só é feliz perto dela. Entendeu, acima de tudo, que o essencial é invisivel aos olhos. 
E olhando para outras rosas, descreve o seguinte:
 "Vocês são belas, mas vazias -continuou ele. - Não se pode morrer por vocês. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa."
Este livro é uma lição autêntica de amor e compromisso. É uma ponte que nos faz entender sobre o cuidado que devemos ter pelos amores que vão passando por nós: sejam eles filhos, amigos, maridos, mulheres, pais, etc.
Num tempo como este, que haja sempre amor, porque o amor tem a capacidade sempre de ver o melhor, de retirar o melhor, de aprofundar o melhor. Que consigamos trazer luz aos lugares sombrios do outro. Que consigamos iluminar essas trevas, que possamos amar sem medida, com inteligência, com firmeza.Que possamos considerar o outro acima de nós. Que possamos ser comprometidos com "a rosa" que Deus colocar no nosso caminho.
Às vezes vamos encontrar um ou outro espinho mas que possamos entender que eles também servem para nos proteger.
Amar deve ser a primeira e a última escolha da vida!

Com muito amor,
Cátia




terça-feira, 31 de março de 2020

Reflexões sobre o tempo de pandemia

Muito se escreve sobre este COVID. Em 37 anos de vida nunca tinha assitido a tamanha desgraça na Humanidade. Pesa-me toda a mortandade, todo o desafio dos profissionais de saúde que são hoje os nossos soldados no campo de batalha. E, infelizmente, esta guerra é invisivel. Não conseguimos ver nem prever o inimigo. Criámos estratégias mas não temos certezas de que funcionem.
Existem várias coisas que Deus tem trazido ao meu coração desde o início do ano que queria entregar no vosso coração.
Em primeiro lugar, há muitos anos aconteceu um episódio com o rei Josafá em Israel que me tem feito meditar. Deus mostrou-lhe que a batalha que ele tinha que travar com o exército inimigo só era vencida através do louvor. Não era uma luta igual às outras de confronto físico. Tudo aconteceria no mundo espiritual. Enquanto cantavam e louvavam a Deus, prevaleciam sobre os inimigos. Eu tenho posto isto em prática. Tenho enchido a minha casa de cânticos ao Senhor. E têm sido incriveis as letras que me chegam através de várias músicas e grupos. Deixo alguns exemplos que me renovam, encorajam, fortalecem!
“Não posso voltar ao início e nem controlar o que o amanhã me vai trazer! Mas sei que aqui no meio é mesmo o lugar onde prometeste estar! Não sou suficiente se tu não vieres, podes vir encontrar/me aqui?......
Enquanto caminho pelo vale, o teu amor sobrepõe-se ao medo como o sol preenche a sombra, na minha fraqueza a tua glória surge!.....
Nem por um minuto me esqueceste.....Tu estás aqui!” Hera again (Elevation Worship)
"Já não sou mais escrava do medo....eu sou filha de DEUS" (No longer slaves- bethel)
"eu vou cantar no meio da tempestade, alto e mais alto, vais ouvir as minhas preces. E das cinzas a esperança renascerá. A morte está vencida, o meu Rei está VIVO! (raise a halleluiah - bethel

Tantas outras! Quando louvamos Jesus, na atmosfera à nossa volta o inimigo que luta contra nós é desarmado. A esperança renasce e Jesus uma vez mais vence e glorifica-se. 
Encha-se de canticos novos, cante como se não houvesse amanhã, do profundo da sua alma, dos recantos do seu coração!
Outro pensamento que quero deixar sem ser aborrecida pois gostava que estas letras o cativassem e mexessem com o seu interior é que somos chamados a preparar o caminho do Senhor. Lembra-se de João Batista? Ele fez isto! Ele preparou a primeira vinda. Nós temos a responsabilidade de preparar a segunda. Jesus virá um dia e nós precisamos ocupar o lugar de semeadores de esperança, de conforto. Sejamos a voz que clama neste deserto - clama por todos em oração e súplica e clama anunciando Jesus como a salvação da humanidade.
Este covid precisa ser um combustivel que nos icendeia a estar mais perto do trono do Senhor, para entender o que Ele deseja para este tempo e vê-lo agir nos lugares reconditos! Oiçamos o que Deus diz num tempo como este.
Deus vos abençoe!!!!

Cátia



segunda-feira, 23 de março de 2020

Mudei de casa!

Sim....no meio do caos e do isolamento e da dúvida e do medo, precisei fazer o que já estava programado desde Dezembro! A vida não podia parar e mudei de casa.
Nunca pensei que esta mudança estivesse cercada de um cenário de doença, morte e destruição. 
Ao mesmo tempo que mudávamos, até porque é uma boa mudança, encontrávamos em nós um misto de sentimentos. Com família a sofrer, com os casos a aumentar, com as resoluções governamentais a entrar em ação, tudo gerou um reboliço emocional a par da confusão de caixas e caixotes.
Não demorou uma semana para ficar quase tudo arrumado, pois o tempo foi algo que não escasseou. 
E cá estou eu a tentar viver algo que na sua concretização não aconteceu como no sonho. E é mesmo assim....a vida apanha-nos com estes derepentes e de um dia para o outro temos que nos adaptar e reiniventar diante de circunstâncias desconhecidas.
Estou a dar algumas aulas online. Tenho tentado rir com os meus alunos, tirado proveito da situação mas, às vezes, caem algumas lágrimas de tristeza. Tenho fé mas sinto angústia pela dor causada por tudo isto...
Será que o meu filho vai ler sobre isto nos livros da escola? Mais uma pandemia que quis dizimar o mundo? Ele ainda não se apercebeu muito bem mas todos os dias pede a Jesus que mate o corona virus. Junto-me a ele nesta certeza que temos 4 armas poderosas para vencermos isto:
- o nome de Jesus; - o sangue de Jesus; - a Palavra de Deus ; - o louvor.
O nome de Jesus é uma garantia. Sabe quem tem um "padrinho rico" e pode pedir coisas no nome dele? Nós podemos e devemos pedir no nome de Jesus porque a Bíblia ensina-nos a fazê-lo. Só assim receberemos alguma coisa porque Jesus é o único intermediário entre nós e Deus.
O sangue de Jesus é o simbolo da redenção e do regresso a Deus. Só pelo derramamento do mesmo, há purificação dos pecados.Ele garante-nos pureza e cura!
A Palavra de Deus funciona como remédio para a nossa alma e corpo. Ler e ouvi-la reforça a nossa fé. Algo sobrenatural acontece quando somos expostos ao poder das palavras que sairam da boca do Senhor.
O louvor - encher o coração de Deus de músicas, de palavras de amor, de sentimentos de adoração muda atmosferas, tira medos, substitui dificuldades por garantias de que tudo ficará bem!
Eu posso até pintar muitos arcos iris, mas se eu não acreditar que o Ùnico capaz de silenciar o meu medo está um passo de uma oração, entrega e posicionamento de nada me vale.
Palavras positivas são vazias em si mesmas se não forem fundadas naQuele que venceu a morte!
Posto isto, Deus nos ajude a gerir este tempo em casa entre brincadeiras, video chamadas com os que amamos, leituras, cozinhados, exercicio fisico. Eu sei que isto parece mais facil de dizer do que fazer, mas com a ajuda de Deus podemos sair mais fortalecidos.
Que a nossa escolha seja protegermo-nos e confiarmos!
Até breve,
Cátia

domingo, 12 de janeiro de 2020

oh....o tempo!

Sentada no sofá depois de um domingo intenso, acabei um trabalho de correção textual depois de ter passado algumas peças de roupa. A semana está quase a começar e com ela a azáfama do trabalho. No meu caso a agenda aponta: reuniões, aulas, visita dos sogros, planificação de projetos, consulta médica, etc.... Temos tantas tarefas num só dia! Agora mesmo estava aqui a pensar que preciso preparar o lanche do S., planear o jantar, preparar o bibe para a escola e deixar tudo adiantado pois amanhã precisamos sair bem cedo de casa por causa da consulta dos 4 anos. Muitos de vocês identificam-se com isto e muito mais devido às funções que ocupam!
A Palavra diz que "há tempo para todas as coisas debaixo do céu"! E é esse tempo que nos é dado que está dificil de gerir hoje em dia. Muitas são as distrações que nos cercam. A informação multiplica-se ao nosso redor em letras, videos, imagens infindaveis nas televisões, placards, telemoveis, computadores, tablets, etc. Tudo parece criar ansiedade em nós. Gera aceleração constante. Deixámos de saber apenas contemplar.
No outro dia dei por mim sentada no carro à espera do meu marido sem saber o que fazer pois tinha-me esquecido do telemovel. E, por momentos, respirei fundo, estendi-me no banco do carro e apenas contemplei. Soube-me tão bem! E são momentos assim que me têm feito bem à alma. Simplesmente aquieto, penso, oiço uma musica, desligo do virtual e ligo-me a mim mesma ou ao Espirito Santo que habita dentro de mim.
Li uma frase de uma amiga que me inspirou: "Desfoca-te para te focares novamente". Preciso mesmo: desfocar do que me consome para conseguir gerir e digerir coisas importantes. Sou mais feliz quando estou longe das redes sociais. Estou concentrada no que me rodeia e na voz do doce Pastor! Ele redireciona-me! 
Por vezes, estamos em casa mas com o pensamento a milhares de kilometros por causa da Internet! Eu aprendi que preciso ter os pés e a cabeça no mesmo lugar. Claro que muitas vezes voamos e tambem nos faz bem mas na dimensão certa!!
Preciso entender que tenho de dar atenção e tambem ter a atenção dos outros em vez de estarmos a fazer scrolling no telefone ou no tablet. Preciso desfrutar de momentos!
E quando me organizo e me foco, sou feliz....muito mais feliz e muito mais leve!
Cátia