quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Caverna

Davi foi ungido rei muito antes de o ser. Deus, o profeta e muitas pessoas o reconheceram como rei mas aquele que detinha o poder (Saúl) não o deixava exercer esta missão e nem lhe permitia ocupar o seu lugar. Perseguia-o, invejava-o, enfim...Davi sofreu com toda esta confusão e nada podia fazer. Afinal, não lhe cabia a ele matar Saúl.
No meio de tudo isto, diz a Biblia em I Samuel 22 que Davi e muitos outros esconderam-se nas cavernas de Adulão. Lá estavam os que sofrem, os atormentados, os pobres, os endividados. Lá estavam refugiados. Sabemos de Davi, que ele clamava ali por socorro. Sabemos que entoava cânticos, compunha poesias, no meio da tormenta e do desassossego.
Muitos deles já tinham vivido em plenitude. Já tinham estado no palco da vida, rodeados de bens, de amigos, de fama e alegria. Agora, algo tinha mudado as circunstancias. As nuvens vieram encher o céu e o sol escureceu completamente. Estas pessoas precisaram ir à caverna!
E tu? Já por lá estiveste?
Entraste no deserto da angústia, da crise, da divida, da doença, da insatisfação, da dor e precisaste recolher-te a uma caverna. Ali tudo é escuro e queres estar só. Não queres nem ouvir ninguém. Ali estás bem. Recolhido, de olhos fechados, com lágrimas que não param de cair. Lá podes lamentar, clamar e chorar.  A tua caverna é o suficiente por agora.
Precisas do silêncio. E precisas de Deus. Não consegues ouvi-Lo no meio da multidão e já não tens certeza se Ele te ouve. As dúvidas cercam o teu coração e a alma desfalece. Acomodas-te à caverna, ainda que começa a tornar-se desconfortável, se por lá ficares por muitos dias.
A caverna é o lugar perfeito para um grande encontro. A sós, desfalecido, e sem expectativas, só esperas por uma solução. E, subitamente, o Espírito Santo entra na caverna. Sim e senta-se ao teu lado. Tu sentes a Sua presença e, por um instante, nada diz. E as tuas lágrimas caem diante desta presença. Coloca a mão nas tuas costas e permanece ali. Chora contigo e começa a cantar junto a ti. Quando menos esperas, começa a falar.
As Suas palavras saem num tom que nunca ouviste, os vocábulos certos, a consolação que mais necessitavas. Tudo começa a ficar menos denso. Levanta-se e estende-te a mão. Diz baixinho: Está na hora de abandonares a caverna.
As cavernas da vida são lugares de cura e transformação. São lugares onde surgem os mais belos hinos e poesias. São lugares de intimidade, onde Deus trabalha. A resposta aos problemas pode não estar logo ali na saída da caverna. Mas a força para enfrentar os obstáculos está. Na caverna, tens o melhor momento da tua vida: a presença de Deus que consola o teu coração.
Dizem os peritos que as cavernas de Adulão têm profundezas ainda não descobertas. Assim é a vida com Deus, com tal profundidade que uma vida inteira não desvendará. Mas pouco a pouco tornamo-Lo conhecido de nós e o Seu carácter e amor inalteráveis dão-nos a fé para seguir avante até ao arco-iris!
A caverna nunca te matará. Por isso, fica apenas o tempo necessário para renovares as forças. Quando Deus te der ordem de saída, segue o teu caminho e daqui oro para que tenhas boa viagem!

Cátia