sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Constância na instabilidade...

Escrevo junto à minha varanda. Bem em frente tenho uma árvore despida. Não existe nela qualquer resto de vida, folhas ou sequer fruto. Está feia, nua e sem beleza. Se a visse pela primeira vez, não lhe encontraria muita graça. Não saberia que em outras estações ela ganha vida e cor.
Certamente ja se encontrou na situação em que na sua vida, viu as primeiras folhas a cair. Pensou: "Ainda há esperança. Vamos lutar". A queda parou por um pouco. Acreditou que iria manter o vigor da Primavera e nada a atingiria. Achou-se mais forte que o Hulk e achou que as suas orações estavam a ser respondidas. Uns dias depois, as folhas começam novamente a cair. A sua esperança também está em queda livre. De repente, o desencorajamento toma conta de si! E novamente tudo para.... A sua confiança é renovada e as folhas já não caem. Tem alegria e paz dentro de si. Sim, sente-se encorajada a interceder pois Deus esta a mexer com a raíz e com tudo para que a arvore não seque. Mas o tempo chega, as rajadas de vento sucedem-se e as folhas abanam e tudo desmorona. E você pensa: "Terminou! Já não há esperança para a árvore!"
Lembra-se de Pedro? Quis andar por cima da água em alto mar para encontrar Jesus! E começou bem...um passo, depois outro e quase que podia saltar de felicidade ao experimentar o sobrenatural. Mas depois começou a pensar demasiado, olhou para as ondas, certamente tirou os olhos do Seu Mestre e começou a afundar. O medo, as circunstancias e a noite deixaram Pedro sucumbir à falta de fé enquanto via a água subir.
Tenho-me deparado com esta situação. Estou há mais de um ano a orar por alguém muito querido afectado pelo maldito cancer. Têm sido tempos de altos e baixos. Quando tudo melhora, sinto-me nas nuvens e capaz de qualquer coisa. Fico encorajada porque Deus está a agir e tudo em breve terá um fim. Depois vêm tempos cinzentos para não dizer negros e as forças parecem querer desfalecer. O meu corpo treme junto com as lagrimas angustiantes, questões sem fim surgem na minha mente e não pareço a mesma pessoa de quando oro e tudo acontece.
Aprendi que preciso manter a mesma confiança. Preciso alimentar a mesma esperança. Necessito da mesma calma. O barco segue tranquilo e sem vendavais e eu louvo o Senhor. O céu fecha-se, o barco salta entre uma onda e outra e eu preciso louvar o Senhor. Preciso acreditar que a árvore não ficará sempre assim. 
Isto tudo tem a ver com conhecimento de Deus. Saber que Ele é um bom Pai, não duvidar disso, não permitir que a frustração seja maior, não desistir de orar jamais! Só porque Ele não dá a resposta exata que queremos, não significa que não está no controlo! Só porque a vida não é um rio tranquilo e com pastos verdejantes sem obstáculos, não precisamos achar que Ele não luta em nosso favor!
Necessitamos olhar para Ele acreditando sempre! E quando não sair do nosso jeito, olhar nos olhos Dele e acreditar na mesma! 
Que o Senhor nos dê a constancia de não perder a esperança quando a árvore perde todas as suas folhas porque em breve ela se renovará! Que o Senhor me dê a visão dela carregada de flores e frutos enquanto a vejo sucumbida pela força do Inverno. Preciso desse equilibrio para ir vencendo pelas calçadas da dor e da angústia.
Acima de tudo, preciso ter a noção de que Deus não muda e que a Sua fidelidade é real e eterna!
Cátia