terça-feira, 3 de outubro de 2023

Os filhos no divórcio


 Prometi no último texto debruçar-me sobre um tema que preocupa e ocupa a minha mente: os filhos no divórcio. Este é um texto simples mas que seja eficaz!

Pela graça de Deus e compreensão madura da nossa parte, esta não é a minha história, não é a história do nosso filho. O S. é uma criança feliz e preservada pelos pais e amada pelas duas famílias. Não há desentendimentos por coisas menores e há absoluta compreensão quanto ao tempo em que está com cada parte, com a divisão de despesas e quantos aos seus pequenos ouvidos que não merecem ouvir certos desatinos dos progenitores. 

Porém nem todos têm esta sensibilidade de conseguir ser pais sem ser cônjuges. Uns esquivam-se da função e outros procuram fazer de tudo para que o outro seja denegrido e não tenha hipótese de exercer a maternidade ou a paternidade.

Os filhos são herança de Deus para nós e as flechas que lançamos para a sociedade. Devem ser educados de forma a sentirem-se seguros, confiantes, debaixo de valores importantes, amados e com as necessidades supridas. deve ser incutido o principio da solidariedade e generosidade e do trabalho com fim de viverem melhor. Quando são manipulados e usados como armas para atingir o outro, estamos a destruir as próprias crianças. 

Às vezes, os pais não gostam de os ver rodeados de padrastos e madrastas; têm ciúmes ou até podem ter um distúrbio de personalidade que os faz ver tudo muito distorcido. Por vezes, levantam-se muros de lembranças más que levam os miúdos a culpar um dos pais; inventam-se histórias; fala-se constantemente mal do outro. Tentam-se pequenas vinganças efetuadas através dos miúdos.

Este abuso psicológico é irracional e provoca confusão, raiva, depressão, tristeza e tantas outras coisas.

Infelizmente, sei de histórias mirabolantes em que nunca se levou em conta o coração da crianças, mas a vingança pessoal e suja de alguém amargo que intoxica tudo e todos. O que mais me revolta? Não terem em conta que devem amar os filhos acima das dores. Os miúdos amam o pai e a mãe independentemente do que possa ter acontecido. Um até pode ter mais dom para ser progenitor do que outro, no entanto isso não invalida o amor que é sentido. Homem e mulher nem sequer são iguais, logo não de podem comparar na forma de fazer as coisas!

Ser capaz de chorar, curar as feridas, limpar o rosto e fazer o melhor pelos filhos é uma atitude não só madura mas inteligente. Somos capazes de reescrever a nossa história e de deixar os miúdos viverem a deles em paz.

Por favor, se com este texto conseguir sensibilizar alguém, deixo estes pensamentos: não usem os filhos como armas, não lhes encham os ouvidos com as vossas ideias de vingança, não os incentivem a ser maus para os padrastos ou madrastas, não os deixem ser obrigados a escolher entre lados. Afinal, devem estar todos do lado deles! Tolerem a presença do outro em jogos, peças de teatro, festas de aniversário. Sejam fortes! Sejam capazes. Os miúdos merecem. Cultivem uma atmosfera de amor, de compaixão, de paz!

O divórcio é uma destruição, não deixem que deixe mais caos por onde não precisa de o fazer.....

Com amor,

Cátia


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Depois de um divórcio......


Não me consigo concentrar! Sinto falta disto....do meu blog....das minhas palavras que tantas vezes surgiram numa inspiração divina e num toque de teclas repentino em que as lágrimas corriam e os dedos batiam a toda a velocidade. Era importante não perder os pensamentos que surgiam.
Tantos temas, tantas ideias que desejava partilhar, expor, comentar, esmiuçar para que juntos pudéssemos crescer como pessoas e pudéssemos conhecer um pouco mais do coração Daquele que teve a ideia de nos colocar aqui e nos formar de determinadas formas. Ler-me a mim mesma trazia revelação, partilhá-la dava-lhe propósito para que coisas importantes não ficassem dentro da minha caixinha de ideias mas virassem consolo para tantos que ainda "perdem" tempo com blogs ou com muitas letras juntas num mundo de tantas palavras.
 E foi preciso um divórcio para me fazer pausar. Contei os textos e desde o inicio de 2021 só escrevi dois. Não porque não tivesse inspiração, pois tenho para mim que os tempos de maior dor são motores que alavancam as penas dos escritores. Parar é necessário até porque, para muitos, há uma perda de credibilidade para quem tanto escrevia sobre tantas coisas de forma obstinada e que com um divórcio até parecem perder o sentido.
Hoje ganhei coragem de dizer aquilo que disse para mim mesma ao longo de muitos meses: divórcio não é o fim da vida. Parece....eu sei! Mas não é!
O choque inicial, a perda de identidade, a culpa, a vergonha, a raiva, as escolhas, a solidão, a perda de perspetiva, a nova condição, o perdão, a confusão, a amargura, as fronteiras. Tudo isto pode ser evitado quando duas pessoas desejam fazê-lo.
Porém, nem sempre corre como planeamos, nem sempre fazemos boas escolhas, nem sempre fazemos o moralmente certo ou seguimos os preceitos que pregamos tantas vezes, nem sempre o "felizes para sempre" acontece!
Independentemente do que acontece ou deixa de acontecer há feridas para tratar e na maior parte das vezes não encontramos hospitais prontos para nos receber. E vocês sabem ao que me refiro quando falo de hospitais.....aqueles que tratam da doença da alma! Muitos tomam lados e esquecem-se da atitude de Jesus no poço. Jesus disse à samaritana que sabia perfeitamente o que se passava mas recebeu-a, amou-a e mudou a história dela.
Às vezes sentia-me como ela. Sozinha em frente ao poço com um desejo profundo de alguém que me convidasse a beber. Já estava tão maltratada pela vida, pelos desafios, ainda havia os que passavam por mim e me excluíssem agora da sua convivência, que me apontavam sem saber, que inventavam e que nem queriam saber como me encontrava. 
Acabou-se depressa um convivio que antes era feito em casal! Agora vais sozinha para tua casa, com o teu filho chorar as tuas dores. E quase todos os domingos no final da tarde chorava amargamente! Por tantas coisas.....e mais alguma! Tudo isso fortalece a culpa, dá dimensão ao acontecimento e prejudica o processo de luto!
Só falo nisto pela dor emocional que causa sejamos ou não causadores do que nos aconteceu. Há quem me relembre constantemente que vivemos o fruto das nossas escolhas. Pois bem! Ainda assim merecemos graça e carinho dos que nos amam porque ninguém acerta sempre e alguns desacertam nas coisas verdadeiramente importantes!!
Só queria realçar para todos os que não acertaram, os que não conseguiram, os que se deixaram levar por mentiras, os que processaram mal os pensamentos, para os que erram e continuam a errar, existe graça além do que possamos imaginar porém ela só acontece num tratamento profundo de arrependimento e também de perdão. Porque muitas vezes quem não é causador, é vitima e precisa perdoar.
E se passaste por isto tudo como eu, não deixes o coração esfriar.....cuida agora de quem chora, de quem vive a dor de perdas irreparáveis, faz a diferença num mundo procurando compreender e acima de tudo AMAR!
E eu ....decidi continuar a escrever para quem quiser ler.....para quem acreditar no meu coração que continua com os olhos postos no lugar certo, procurando a redenção todos os dias e encontrando o coração de Deus no caminho. E, por isso, um dia deste vou falar de um assunto que considero de extrema importância: os filhos. Já chega de os tratarmos como moedas de troca ou objetos da nossa vingança vil. Cresçamos: se não for por nós, que seja por eles.

Até breve e com amor,
Cátia