quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Depois de um divórcio......


Não me consigo concentrar! Sinto falta disto....do meu blog....das minhas palavras que tantas vezes surgiram numa inspiração divina e num toque de teclas repentino em que as lágrimas corriam e os dedos batiam a toda a velocidade. Era importante não perder os pensamentos que surgiam.
Tantos temas, tantas ideias que desejava partilhar, expor, comentar, esmiuçar para que juntos pudéssemos crescer como pessoas e pudéssemos conhecer um pouco mais do coração Daquele que teve a ideia de nos colocar aqui e nos formar de determinadas formas. Ler-me a mim mesma trazia revelação, partilhá-la dava-lhe propósito para que coisas importantes não ficassem dentro da minha caixinha de ideias mas virassem consolo para tantos que ainda "perdem" tempo com blogs ou com muitas letras juntas num mundo de tantas palavras.
 E foi preciso um divórcio para me fazer pausar. Contei os textos e desde o inicio de 2021 só escrevi dois. Não porque não tivesse inspiração, pois tenho para mim que os tempos de maior dor são motores que alavancam as penas dos escritores. Parar é necessário até porque, para muitos, há uma perda de credibilidade para quem tanto escrevia sobre tantas coisas de forma obstinada e que com um divórcio até parecem perder o sentido.
Hoje ganhei coragem de dizer aquilo que disse para mim mesma ao longo de muitos meses: divórcio não é o fim da vida. Parece....eu sei! Mas não é!
O choque inicial, a perda de identidade, a culpa, a vergonha, a raiva, as escolhas, a solidão, a perda de perspetiva, a nova condição, o perdão, a confusão, a amargura, as fronteiras. Tudo isto pode ser evitado quando duas pessoas desejam fazê-lo.
Porém, nem sempre corre como planeamos, nem sempre fazemos boas escolhas, nem sempre fazemos o moralmente certo ou seguimos os preceitos que pregamos tantas vezes, nem sempre o "felizes para sempre" acontece!
Independentemente do que acontece ou deixa de acontecer há feridas para tratar e na maior parte das vezes não encontramos hospitais prontos para nos receber. E vocês sabem ao que me refiro quando falo de hospitais.....aqueles que tratam da doença da alma! Muitos tomam lados e esquecem-se da atitude de Jesus no poço. Jesus disse à samaritana que sabia perfeitamente o que se passava mas recebeu-a, amou-a e mudou a história dela.
Às vezes sentia-me como ela. Sozinha em frente ao poço com um desejo profundo de alguém que me convidasse a beber. Já estava tão maltratada pela vida, pelos desafios, ainda havia os que passavam por mim e me excluíssem agora da sua convivência, que me apontavam sem saber, que inventavam e que nem queriam saber como me encontrava. 
Acabou-se depressa um convivio que antes era feito em casal! Agora vais sozinha para tua casa, com o teu filho chorar as tuas dores. E quase todos os domingos no final da tarde chorava amargamente! Por tantas coisas.....e mais alguma! Tudo isso fortalece a culpa, dá dimensão ao acontecimento e prejudica o processo de luto!
Só falo nisto pela dor emocional que causa sejamos ou não causadores do que nos aconteceu. Há quem me relembre constantemente que vivemos o fruto das nossas escolhas. Pois bem! Ainda assim merecemos graça e carinho dos que nos amam porque ninguém acerta sempre e alguns desacertam nas coisas verdadeiramente importantes!!
Só queria realçar para todos os que não acertaram, os que não conseguiram, os que se deixaram levar por mentiras, os que processaram mal os pensamentos, para os que erram e continuam a errar, existe graça além do que possamos imaginar porém ela só acontece num tratamento profundo de arrependimento e também de perdão. Porque muitas vezes quem não é causador, é vitima e precisa perdoar.
E se passaste por isto tudo como eu, não deixes o coração esfriar.....cuida agora de quem chora, de quem vive a dor de perdas irreparáveis, faz a diferença num mundo procurando compreender e acima de tudo AMAR!
E eu ....decidi continuar a escrever para quem quiser ler.....para quem acreditar no meu coração que continua com os olhos postos no lugar certo, procurando a redenção todos os dias e encontrando o coração de Deus no caminho. E, por isso, um dia deste vou falar de um assunto que considero de extrema importância: os filhos. Já chega de os tratarmos como moedas de troca ou objetos da nossa vingança vil. Cresçamos: se não for por nós, que seja por eles.

Até breve e com amor,
Cátia

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