sábado, 10 de outubro de 2015

Momentos passam, pessoas mudam, palavras ficam...

Ouvi esta frase ontem numa pregação da querida Bianca Toledo. Que grande testemunho o desta mulher e que sabedoria maravilhosa brota da vida dela, fruto de muita intimidade com Deus. Quem não conhece, oiça um pouco do que ela diz, pois com certeza o coração ficara mais leve e curado do que o mina. 
As sextas feiras são os meus dias de folga e um dos meus dias favoritos! Na verdade, enquanto não começa a rotina fatigante mas gratificante de mãe, aproveito estes momentos. É o dia em que vou limpando a casa, cuidando da roupa e, ao mesmo tempo, oiço pregações, ministrações e musica! São tempos únicos em que limpo a casa e a alma. E ontem enquanto ouvia a Bianca, esta frase tocou fortemente o meu espírito. Peguei num papel e escrevi-a imediatamente. Não queria perde-la e queria meditar mais tarde sobre isto.
Foi então que me recordei de uma experiência recente que passo a relatar:
Comecei a ensinar na Igreja aos 18 anos, a uma turminha de adolescentes. Ao mesmo tempo iniciei o meu curso de ensino de Língua e Cultura Portuguesas. Também dava aulas de Educação Moral e Religiosa Evangélica em algumas escolas da minha cidade. No 5º ano do curso, fui estagiar. Fui professora de uma turma de 7º e de outra de 8º ano. Foi uma experiencia fantastica. Amei colocar em prática o que aprendi, as atividades que criámos, as conversas com os miudos. Foi um ano para mais tarde recordar. Eu e a C. estagiávamos supervisionadas por uma orientadora da escola e outros orientadores da Universidade que nos assitiam uma vez por periodo. As aulas assistidas eram motivo de grande preparação, cuidado, trabalho, entusiasmo - uma aventura, tantas vezes acompanhada da cumplicidade com os alunos,
Creio que o ensino foi sempre a minha paixão. Não me lembro de querer fazer outra coisa! E na Igreja, sempre me deu um gozo tremendo. No entanto, a ideia que tinha era que com esforço, trabalho, ajuda de Deus fazia um bom trabalho. Tentava ser criativa, uma adjuvante na dura tarefa da educação, nutria uma sede pela  transferência de valores. Enfim...julgava estar a dar o meu melhor. No final do ano, quando fui receber a nota de estagio, tive este comentario: " Cátia, vais ter menos um valor que a tua colega porque enquanto que ela nasceu para o ensino, tu precisas esforçar-te para fazer um bom trabalho."
Aquelas palavras foram como uma seta direta à minha auto-confiança. Na verdade, dentro de mim pensava que tinha nascido para aquilo. Desejava tanto começar uma carreira promissora, apesar do meu país não o permitir no momento. No entanto, com ou sem circunstancias facilitadoras, os sonhos nunca devem morrer! Voltando às palavras, sim foram duras! Seriam verdadeiras?  Posso aceitá-las e meditar sobre elas e dar o melhor para ser uma boa professora. 
No entanto, sempre que tinha a tarefa de ensinar, aquelas palavras voltavam como uma abelha atrás do mel, Tentava recompor-me e acreditar que o ensino era algo que Deus tinha colocado em mim e que eu iria fazer da melhor forma.
Os anos foram passando e mudei de país. Trabalhei em muitas coisas diferentes mas nada relacionado com o ensino. Quando vim para Inglaterra, também deixei de ensinar na Igreja, No entanto, Deus sabe tão bem "o que nos faz cantar". Orava por propósito para o que fazia mas Deus sabia bem onde estava o meu coração e a oportunidade surgiu.
Regressei ao ensino depois de muitos anos, E lembro-me tão bem que uma semana antes de começar o ano lectivo, as mesmas palavras voltaram ao meu pensamento. Tremi por instantes! Comecei a pensar: será que farei um bom trabalho? Deve haver mais gente capacitada para isto, que nasceu para ensinar: gente criativa, expressiva...as dúvidas começaram a surgir e dei por mim presa às mesmas palavras ditas há tantos anos. Foi então que resolvi que não as aceitaria, pelo menos não da forma que o meu cérebro as queria utilizar. 
Meti mãos à obra, fui fazer o que gosto, com esforço e dedicação. Se nasci para isto? Deus tem-me ajudado a acreditar que sim, que desenvolvo, aprendo a cada experiência. Reconheço que há dom em mim e sou reconhecida por outros, o que ajuda a ter uma noção maior do nosso trabalho. 
A questão não está em querer muito uma coisa para o qual não nascemos, que é errado pois perdemos a oportunidade de fazer aquilo em que somos realmente bons.A questão está numa auto-avaliação que nos coloca em perspectiva contra a opinião de um ou outro. Tenho grande apreço pela pessoa que me transmitiu o conhecimento, mas não posso guardar as palavras que me fazem retroceder mas sim lembrar o que me faz avançar rumo à excelência.
Assim é a nossa vida!
Lembro-me de relacionamentos de vários contextos em que não é fácil recordar as pessoas ou os momentos que vivi, mas lembro-me tão bem de algumas palavras menos boas. São essas que ficam!
Por vezes, são os nossos pais, professores, amigos, conjuges. Um grupo de pessoas que tem impacto emocional sobre nós e que feriram o nosso coração com palavras negativas que ainda hoje se fazem ouvir. Esse eco precisa terminar! Precisamos calar as vozes que se tornaram maldições e que nos impedem de viver uma vida plena. 
Noutras vezes, fomos nós que proferimos palavras desencorajadoras e negativas. Matámos o sonho de alguém. Somos muito propensos a falar e lentos em meditar. 
Deus nos conceda a sabedoria de pensar antes de falar, de olhar sem inveja, de falar com amor e de encorajar o que é necessário ser encorajado, Todos nós gostamos de nos sentir apreciados. E, como pais, por mais exaustos e furiosos, Deus nos permita ter sempre palavras de benção e de vida para dar aos nossos filhos.
Deus coloque guardas na nossa língua. Necessitamos exercitar não o positivismo barato, mas uma perspectiva feliz e agradável sobre a vida e sobre as pessoas. Vê-las com os olhos de Deus, ajuda-nos a ver as suas capacidades em detrimento das fraquezas.
Filtre o que ouve, meça as suas palavras! 

"Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura". Prov 12:18 

Cátia

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