segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Carta do oleiro para o barro

Há alturas da nossa vida em que sentimos que a nossa personalidade, carácter e formação estão em mudança, ajustados a novos desafios, moldados às novas estações e, certamente, a prepararem-se para algo superior. Somos como o barro moldado pelo oleiro, num processo duro de transformação, que não é fácil mas possível e necessário.
Por isso, e porque este ano, mais que nunca, desci com as pernas a tremer até à Casa do Oleiro, que deixo este texto poético convosco, publicado anteriormente no facebook e lido pela Sara Catarino no programa "Mulheres de Esperança" da Rádio Transmundial. Que console todos os que estão ali....obedecendo ao Senhor e deixando a transformação modelar a vossa vida porque ficarão com uma forma muito melhor!.....Muito Muito melhor....não duvidem!


Querido barro,

O tesouro está dentro de ti, a prata, o ouro, a riqueza de alma está em Ti..
E eu? Eu estou em TI!
Quando pego nessas camadas de massa, moldo-as com carinho..
Gosto tanto de mexer contigo…
De acalmar as tuas intempéries…
Às vezes gosto de parar a tempestade, outras vezes acalmo-te a ti..
A excelência, trabalho, moldagem, perfeição estão em MIM
O que me cativa está em ti!
Gosto de mexer com cada canto do teu ser,
Ainda que feches alguns deles e não me deixes limpa-los profundamente!
Gosto de sentar-me contigo
E passar horas a teu lado.
Quando estamos juntos, esqueço-me de tudo..
Já tu…queixas-te constantemente!
Dás uis nos retoques, queixas-te da forma como trabalho
Do forno que te aquece
Das pinceladas que te fazem belo,
Do olhar dos curiosos
A insatisfação parece que vive contigo
E atribuis-me a falta de utilidade, de beleza ou de personalidade
Sou o oleiro. Lembras-te? O criador!!
Fiz-te de uma determinada forma e ao longo do tempo
Vou-te dando novas formas
Para te adaptares as mudanças, as estações, aos desafios…
Mas a teimosia…oh a arrogância…o ego….o orgulho..
Fazem com que o barro comece a saltar da roda
E perco o controlo, porque queres ser à tua maneira,
Ao teu jeito…
Volta à casa do oleiro…deixa-me lavar essas feridas,
Deixa-me limpar a sujidade,
Deixa-me partir, reconstruir…
Tens medo das minhas mãos?
Já não as conheces?
E os meus braços que sempre te acolheram
Mesmo naquele dia que blasfemaste contra Mim
Era Eu que estava contigo…
Quando não entendes…cala-te
E ouve o silencio do teu coração
A resposta está lá dentro.
Enquanto fores vaso aqui, deixa que EU seja oleiro em ti!!!


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